28 de janeiro de 2015

Maria Inês? Consegues ouvir-me? Tenho receio que já não reconheças a minha voz ou a linha das minhas palavras pelo tempo que te demorei a reescrever. A história mudou tanto, sabes? Aquela que eu sempre jurei que queria para mim acabou por não me dar a plenitude que sempre imaginei. Porque eu sei que tu sabes isto, já o experiências-te, quando alcanças aquilo que sempre quiseste o sabor já não é o mesmo. Porque o que tu e eu gostamos é o caminho que se percorre, as dificuldades que se atravessam, o gosto que dá em chegar a um caminho que sempre ansiámos. Mas, e quando chegamos lá? Quando vemos que tudo aquilo é o que sempre quisemos, e mesmo assim não nos deixa na plenitude? O que fazer, Maria Inês? Eu sei que tu sabes... sei que já percorreste este caminho. Eu abandonei-o, deixei-o para trás deixando sempre um passo à minha frente. Sabes o que te digo, não sabes? Mesmo sem o dizer, Maria Inês. E agora? Perdi quem me segurava os braços por alguém que gosta de segurar tantos, que não só os meus. Perdi quem não adormecia sem ter a certeza que era eu estava lá, no dia seguinte por alguém que só quer saber que existe sempre lá alguém. Sabes o que é isto, Maria Inês? Gostar mais da metade do que o completo? Será possível? Conseguir ganhar mais com o pouco do que com o que é muito? Estou aqui a ser-te transparente como sempre me pediste, Maria Inês. Sei que me percebes nesta complexidade de palavras..Sei que sabes tudo aquilo que te digo..Sei que sabes tudo aquilo que te escrevo mesmo sem o fazer. Porque afinal sempre fomos isto, não é? Um encontro de palavras que se reconhecem mesmo sem se conhecerem. 

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