2 de agosto de 2011

Senta-te aqui comigo, põe-te à vontade, e olha para mim. Não sei se alguma vez te perguntei qual é a tua comida preferida, qual o tipo de música que mais ouves, ou qual a cor de roupa que melhor te assenta nesse tom de pele. Sinceramente não me lembro de te ter perguntado, mas também não fico com remorsos se nunca o tiver feito porque sei responder a cada uma dessas questões sem qualquer tipo de receio ou hesitação. Com o tempo fui adquirindo uma noção própria de conhecimento. De facto a palavra "conhecer" abrange muito mais do que um simples "ola" ou qualquer outra mera palavra de saudação. Pois se assim fosse, uma determinada pessoa que se encontrava na tua vida à uns meses conhecer-te-ia tão bem quanto eu, eu que estou na tua vida à um exagero de anos. Pois bem, essa noção de conhecimento, tão própria da minha pessoa veio das experiências menos boas que fizeram questão de brindar a minha vida ao longo dos dias. Eu que pensava que sabia de cor uma série infinita de pessoas e afinal o que eu sabia sobre elas nem dava para escrever uma mera e simples frase com pés e cabeça. Hoje, estou num banco de jardim que me permite contemplar esta cidade como se fosse a ultima vez que o fosse fazer. Cada rua, cada esquina tem hoje uma intensidade diferente da habitual, e não sei o porquê disto se suceder, mas sinto-o na pele, nos cheiros. Se calhar é por ser Outono. Já te disse que o Outono é a estação mais bonita? Não, não é a que gosto mais mas é a mais bonita. Os dias têm sido cinzentos, mas repletos de doces pecados e suaves beijos que são dados no silêncio de um profundo olhar que me toca a alma e me transporta até ti. Mesmo sem saberes és tu quem aquece os meus dias frios quando discretamente brilhas com esse sorriso inconfundível. Achas que te conheço? Talvez, não tão bem quanto a esta cidade, mas sim demasiado bem para escrever mais de uma frase à cerca da tua pessoa. Por isso não hesites, senta-te aqui ao meu lado, porque hoje eu tenho como única missão conhecer e tu vais ser o meu objecto de estudo. Quero saber de ti, mais do que sei de mim, mais do que qualquer dia irei saber de alguém. O banco chega para nós, mas não esperes, sabes porquê? É que uma vez disseram-me que o tempo esgota. 

5 comentários:

  1. gostei tanto beatriz! parabéns. está maravilhoso :)

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  2. adorei, está verdadeiramente lindo!

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  3. muito obrigada beatriz :)
    e eu tenho a dizer que este texto está uma delícia - "Quero saber de ti, mais do que sei de mim, mais do que qualquer dia irei saber de alguém."

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  4. identifiquei-me muito com isto. ta lindo beatriz :) mesmo mesmo

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