21 de setembro de 2011

Meu amor, acho que é neste tom que se começa uma carta, pelo menos uma carta de amor como eu quero que seja. Aqui neste papel eu quero que saibas e sintas no teu coração tudo o que eu não tenho tido coragem de te dizer. Desde o inicio que sempre falhámos, sabes? Fomos demasiado loucos e decidimos voar nos céus deste amor imaturo quando a vida só nos pedia que tivéssemos os pés bem assentes na terra. Mas era muito melhor sobrevoa-lo como nós o fazíamos, não era? Eu bem sei. Mas eu aqui não quero falar-te do que nos falhou, da dor que já foste para mim, muito menos incutir culpa num de nós. Quero sim destacar-te a felicidade que me deste a conhecer em cada um dos nossos voos. Quero relembrar-te da vista que tínhamos quando lá de cima, olhávamos para terra e víamos as pessoas a atropelarem-se umas as outras, e sem tempo para viverem o amor como nós o fizemos. Vá amor, senta-te aqui e aproveita a lua que está hoje, porque até isso eu reservei para ti. Respira fundo e inspira o cheiro que esta carta leva a até ti e pensa em nós. Pensa em mim com aquele carinho profundo como sempre fizeste e como eu sempre gostei em ti. Lembra-te de como era especial para ti tocar no meu rosto e sentires que eu estava a sorrir mesmo se estivesses de olhos fechados. Sabes, eu tenho-te mentido. Muito, por sinal. Principalmente sempre que te juro de coração nas mãos que te esqueci, que já não penso tantas vezes em nós e que este caminho novo que escolhi faz-me muito melhor. É tudo mentira. Todas estas palavras são ocas que solto ao mundo para que a minha dor diminua, ou que pelo menos pareça diminuir. Mas isto nunca aconteceu. No meio das minhas noites onde o sono nunca quer aparecer, as nossas recordações deitam-se comigo na almofada. E eu costumo dizer que tu foste, mas que elas ficaram para eu me lembrar de ti para sempre. E sabes, daqui de fora do nosso amor já antigo e desgasto pela erosão dos dias eu percebo a importância dos gestos, dos teus pequenos gestos. Pedi-te sempre mais do que aquilo que tinhas para me dar e esse dever que te entregava sufocou-te. E eu vejo agora que foi obrigatório para ti soltar-te das obrigações. Sempre gostaste de ser um pássaro livre, não é assim? Nunca mais me viste, e eu pergunto-me ainda baixinho se és capaz de sentir a minha falta a aquecer-te os dias. E estou de sorriso escondido por no fundo saber a resposta. Ao contrário do que te fiz acreditar não guardo absoluto rancor ou mágoa por ti, e sei bem que és muito mais forte do que aquilo que tens tentado transparecer. Desculpa-me todas as vezes que fui egoísta ao ponto de querer que chorasses tanto por mim como eu chorei por ti, ou então, que sentisses aquela dor que chamam perda a esmagar-te o coração. Hoje não quero mais nada disso para ti, e sinto vergonha por alguma vez o ter querido. No entanto eu só queria que tu viesses esta noite de mansinho ao meu quarto com medo de fazer barulho e acordar alguém, e juntos pudéssemos voltar a voar nas asas do nosso amor como tantas vezes o fizemos, lá mesmo em cima sabes, eu e tu a três metros acima do céu.

11 comentários:

  1. oh.. não, não posso pensar assim querida
    é errado na mesma, só porque me faz mal ao mesmo tempo

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  2. não sei bea, e prefiro não saber!
    como está lindo, tão lindo:)

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  3. Está lindíssimo, parabéns!"No meio das minhas noites onde o sono nunca quer aparecer, as nossas recordações deitam-se comigo na almofada"

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  4. que lindooo, não tens noção. *.*
    muito obrigada!

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  5. que texto tão.. apaixonante. sim, é isso.

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  6. muito obrigada querida.
    também gostei muito do teu blog. está lindo *.*

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  7. muuuuito obrigada <3
    ai se não dói, até me custa a respirar por vezes :(

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