Sei já de antemão que não te deveria começar a escrever. Não devia, porque sei como sou: apaixono-me sempre pelas palavras e depois a quem se dirigem. Sei que é sempre assim. E tu não mereces que eu me apaixone pelas palavras, quanto mais por ti. Mas agora já escrevi... e continuo a escrever-te sem conseguir prever qual será a minha última palavra. Preferia que não me tivesses tocado, assim tinham-se evitado as palavras de culpa, de medo, de angustia e estaríamos os dois num plano bem mais calmo. Aliás, devíamos era ter falado mais sem que se passassem os gestos que eram proibidos - pelo menos entre nós. Não podíamos ter cedido ao momento, muito menos às palavras que não poderiam ter sido ditas. Eu não podia. E tu também não poderias tê-lo feito. Dizes que agora já está feito, e eu rio-me sem ter vontade para o fazer. Só eu e tu sabemos, e agora as palavras também o sabem, mas eu mesmo assim escondo. Porque afinal o segredo, está mesmo em guardar segredo do sucedido. Sem te rires, esquece-te bem devagarinho de como tudo se procedeu naquela manhã, e de como os dois enganados pelos medos fomos caindo na tentação. Sempre mais um bocadinho, sempre mais um bocadinho, até onde tu sabes. Mas não podes saber, shiu. Esquece-te. Deixa que essa memoria se apague dentro de ti. Sabes quando arriscas aquilo que não poderias sequer pensar em arriscar? Podemos ter arriscado os dois, mas ao menos arriscamos juntos.
Não é mau apaixonares-te pelas palavras, e por aqueles a quem se dirigem. Guarda suavemente no teu coração as lembranças de tudo, porque são elas que te vão manter quentinha no frio da noite. Acredita, é tão bom um segredo só nosso.
ResponderEliminaràs vezes arriscar é o melhor, e daí saem as melhores coisas!
ResponderEliminarquando estamos em dúvida o melhor é arriscar
ResponderEliminararriscar é sempre a melhor opção! o texto está lindo * adorei a tua escrita, vou ficar por aqui.
ResponderEliminare já agora, ''tre metri sopra il cielo" é o meu livro favorito.