6 de janeiro de 2014

Sei já de antemão que não te deveria começar a escrever. Não devia, porque sei como sou: apaixono-me sempre pelas palavras e depois a quem se dirigem. Sei que é sempre assim. E tu não mereces que eu me apaixone pelas palavras, quanto mais por ti. Mas agora já escrevi... e continuo a escrever-te sem conseguir prever qual será a minha última palavra. Preferia que não me tivesses tocado, assim tinham-se evitado as palavras de culpa, de medo, de angustia e estaríamos os dois num plano bem mais calmo. Aliás, devíamos era ter falado mais sem que se passassem os gestos que eram proibidos - pelo menos entre nós. Não podíamos ter cedido ao momento, muito menos às palavras que não poderiam ter sido ditas. Eu não podia. E tu também não poderias tê-lo feito. Dizes que agora já está feito, e eu rio-me sem ter vontade para o fazer. Só eu e tu sabemos, e agora as palavras também o sabem, mas eu mesmo assim escondo. Porque afinal o segredo, está mesmo em guardar segredo do sucedido. Sem te rires, esquece-te bem devagarinho de como tudo se procedeu naquela manhã, e de como os dois enganados pelos medos fomos caindo na tentação. Sempre mais um bocadinho, sempre mais um bocadinho, até onde tu sabes. Mas não podes saber, shiu. Esquece-te. Deixa que essa memoria se apague dentro de ti. Sabes quando arriscas aquilo que não poderias sequer pensar em arriscar? Podemos ter arriscado os dois, mas ao menos arriscamos juntos.

4 comentários:

  1. Não é mau apaixonares-te pelas palavras, e por aqueles a quem se dirigem. Guarda suavemente no teu coração as lembranças de tudo, porque são elas que te vão manter quentinha no frio da noite. Acredita, é tão bom um segredo só nosso.

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  2. às vezes arriscar é o melhor, e daí saem as melhores coisas!

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  3. quando estamos em dúvida o melhor é arriscar

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  4. arriscar é sempre a melhor opção! o texto está lindo * adorei a tua escrita, vou ficar por aqui.
    e já agora, ''tre metri sopra il cielo" é o meu livro favorito.

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