Apagar. Escrever. Apagar. E escrever de novo. Faço-o mais vezes do que os dedos da minha mão quando se toca a escrever para ti. Não o faço à muito, é certo. Não o faço porque não quero, porque já não o sei fazer e principalmente porque sinto que já não consigo. O que hei eu de te dizer? Chamo pelas palavras, da mesma forma quando elas me rondavam os dias e as noites em que me sentava a escrever para ti. Mas sabes de uma coisa? Elas agora não vem mesmo que eu as chame como as costumava chamar. Não vem porque já não há motivos, razões que as façam vir. Já não há amor que as faça voar até mim. Não há nada que as faça voltar. E será mesmo assim? Seremos agora este nada quando pensámos um dia ser um tudo? Apago. Escrevo. Mas sinto que ainda há tanto por dizer.. Que há tanto que ficou por escrever.. Haverá sempre este tanto que ficou em mim por não saber como o partilhar. E eu gostava de um dia me sentar contigo num jardim e mostrar-te tudo aquilo que ficou em mim. Dizer-te tudo aquilo que escondi de ti com medo que desaparecesse e já não pudesse ficar guardado. E eu sei que haverá sempre destas coisas entre nós, em que não importa o tempo que passe que ficarão para sempre guardadas. Tu talvez sejas uma dessas coisas. Tu talvez fiques para sempre aqui. Em mim.