1 de junho de 2014

maria inês, de volta

Eu jurei que não voltava a cair, maria inês. Jurei que os meus sentimentos não seriam mais um brinquedo em mãos de pessoas que não sabem sequer o que é brincar. Jurei, maria inês. Mas eu cai, voltei a cair no mesmo abismo. Deixei que as as palavras ultrapassassem o valor das ações, deixei que o calor do momento passasse à frente do que sempre quis para a eternidade. E aos poucos fui caindo, sem me aperceber no que caia. Deixei que alguém me cegasse os olhos e o coração com palavras soletradas de meia em meia hora, quando eu julgava que se pudessem eternizar. E eu disse tantas vezes "não pode ser", "não quero", "não vai acontecer" mas a verdade é que pode mesmo ser, pude mesmo querer e acabou mesmo por acontecer. E como, maria inês? Como é que eu deixei que me guiassem até aqui? Como é que eu confiei as minhas mãos a alguém que só soube agarra-las por breves instantes? Como é que eu mostrei aquilo que eu mais escondo de todos a alguém que nunca se revelou por completo? Como é que fechei tanto os olhos ao ponto de achar que sabia voar em céus desconhecidos? Como, maria inês? E agora aqui estou eu de novo, sem saber como e para quem. Devias ter-me fechado o coração. Devias ter-me calado a boca para que eu não pudesse soletrar as palavras. Devias ter-me tocado no raciocínio, para que eu não pudesse sequer criar esperanças daquilo que nunca tive. Devias, maria inês. Porque eu estou aqui agora, com as lágrimas secas e com o coração nas mãos a escrever-te. Perdi-me de mim. Perdi-me no meio de tantos falsos caminhos que me conseguiram mostrar. Encontras-me, maria inês?

2 comentários:

  1. como ? faço a mesmo questão a mim própria .
    pior é, ter a noção do quanto alto é o abismo e mesmo assim ariscar.

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  2. força, pequena! encontra-te <3

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